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A HISTORIA NEGRA DO TANGO - O tango nasceu num bairro de descendentes de escravos africanos na Argentina
por Rucangola Ruca, domingo, 17 de Junho de 2012 às 09:21 ·
Exposição em Buenos Aires revela a "história negra" do tango
ELENA ARSUAGA
"Apesar de sempre existir esse rumor sobre a presença negra no tango, esse assunto nunca foi bem estudado e compreendido", explica à Agência Efe Círio, promotor da exposição "Historia Negra Del Tango", que acaba de ser inaugurada em Buenos Aires.
O antropólogo decidiu entrar em contato com a comunidade argentina de ascendência africana para saldar essa "dívida histórica e social com um dos grupos fundadores do país".
Sob o lema que "tudo tem sua história negra, mas desta vez estamos orgulhosos", o antropólogo organizou uma mostra composta por mais de uma centena de peças que pretendem provar este pioneiro enfoque sobre uma realidade que havia sido vagamente tratada na academia e sempre a partir de uma perspectiva branca, lembra Círio.
A exposição aprofunda na presença de afroargentinos nos diferentes períodos do tango como gênero, a partir da figura de Rosendo Mendizabal, "um marco indiscutível" nas origens do tango, opina o especialista.
"Joia"A maior "joia" da mostra, instalada no museu Casa Carlos Gardel, é uma partitura original de 1897 de "El Entrerriano", uma das mais importantes composições de Mendizabal, cuja publicação marcou para Círio a origem da "Guardia Vieja" como período estilístico do tango.
A exposição destaca também as figuras do compositor e músico Ruperto Leopoldo Thompson, quem introduziu o chamado estilo "canyengue", e do pianista e compositor Horacio Salgán, cujo tango "A fuego brando" foi "o germe de todo o movimento estético de Astor Piazzolla e sua escola", assegura o antropólogo.
Outro dos compositores destacados na mostra é Enrique Maciel, cuja valsa "La pulpera de Santa Lúcia", de 1929, é de acordo com Círio "o hino, a obra emblemática das valsas crioulas".
Completam a mostra partituras e discos de compositores brancos como Sebastián Piana e músicos como Alberto Castillo, que tratam a partir de diferentes perspectivas a temática da negritude.
Consulta inéditaCírio considera que o inovador desta proposta é que "nunca antes a comunidade afroargentina tinha sido consultada e estudada, não havia sido dada uma oportunidade, espaço para uma palavra, voz e o voto a esta parte da história".
Para ele, "no melhor dos casos que escreveram a favor desta teoria sempre o fizeram com base unicamente em documentos escritos por brancos, o que tornava a abordagem parcial.
"Esta questão foi mal estudada por falta de provas, mas fundamentalmente pela curta visão europeísta, resultante de como pensam os argentinos como nação", em cuja construção da identidade "se enfatizou um projeto branco europeu e cobriu-se com um manto de esquecimento as outras tradições culturais anteriores, como a negra e a aborígine", conclui.
"LA HISTORIA NEGRA DEL TANGO"Onde: Museu Casa Carlos Gardel (Jean Jaurés, 735, Abasto, Buenos Aires, Argentina)
ELENA ARSUAGA
"Apesar de sempre existir esse rumor sobre a presença negra no tango, esse assunto nunca foi bem estudado e compreendido", explica à Agência Efe Círio, promotor da exposição "Historia Negra Del Tango", que acaba de ser inaugurada em Buenos Aires.
O antropólogo decidiu entrar em contato com a comunidade argentina de ascendência africana para saldar essa "dívida histórica e social com um dos grupos fundadores do país".
Sob o lema que "tudo tem sua história negra, mas desta vez estamos orgulhosos", o antropólogo organizou uma mostra composta por mais de uma centena de peças que pretendem provar este pioneiro enfoque sobre uma realidade que havia sido vagamente tratada na academia e sempre a partir de uma perspectiva branca, lembra Círio.
A exposição aprofunda na presença de afroargentinos nos diferentes períodos do tango como gênero, a partir da figura de Rosendo Mendizabal, "um marco indiscutível" nas origens do tango, opina o especialista.
"Joia"A maior "joia" da mostra, instalada no museu Casa Carlos Gardel, é uma partitura original de 1897 de "El Entrerriano", uma das mais importantes composições de Mendizabal, cuja publicação marcou para Círio a origem da "Guardia Vieja" como período estilístico do tango.
A exposição destaca também as figuras do compositor e músico Ruperto Leopoldo Thompson, quem introduziu o chamado estilo "canyengue", e do pianista e compositor Horacio Salgán, cujo tango "A fuego brando" foi "o germe de todo o movimento estético de Astor Piazzolla e sua escola", assegura o antropólogo.
Outro dos compositores destacados na mostra é Enrique Maciel, cuja valsa "La pulpera de Santa Lúcia", de 1929, é de acordo com Círio "o hino, a obra emblemática das valsas crioulas".
Completam a mostra partituras e discos de compositores brancos como Sebastián Piana e músicos como Alberto Castillo, que tratam a partir de diferentes perspectivas a temática da negritude.
Consulta inéditaCírio considera que o inovador desta proposta é que "nunca antes a comunidade afroargentina tinha sido consultada e estudada, não havia sido dada uma oportunidade, espaço para uma palavra, voz e o voto a esta parte da história".
Para ele, "no melhor dos casos que escreveram a favor desta teoria sempre o fizeram com base unicamente em documentos escritos por brancos, o que tornava a abordagem parcial.
"Esta questão foi mal estudada por falta de provas, mas fundamentalmente pela curta visão europeísta, resultante de como pensam os argentinos como nação", em cuja construção da identidade "se enfatizou um projeto branco europeu e cobriu-se com um manto de esquecimento as outras tradições culturais anteriores, como a negra e a aborígine", conclui.
"LA HISTORIA NEGRA DEL TANGO"Onde: Museu Casa Carlos Gardel (Jean Jaurés, 735, Abasto, Buenos Aires, Argentina)
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