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A primeira tropa de choque do Sul do Brasil: os lanceiros negros
Entre
1835 e 1845 o império brasileiro testemunhou o mais longo conflito
ocorrido em nosso território, a Revolução Farroupilha. E, é neste
contexto histórico, que surgiram os lanceiros negros farroupilha.
Recrutados em meio aos negros campeiros e domadores da atual Região Sul
do Estado gaúcho (Canguçu, Pelotas, Bagé, Piraí...), os lanceiros quando
na sua fundação foram organizados em duas divisões: "uma de cavalaria, e
a outra de infantaria, criados respectivamente, em 12 de setembro de
1836 e 31 de agosto de 1838". As referidas divisões, segundo o
historiador e oficial do Estado Maior do Exército Brasileiro, Cláudio
Moreira Bento "eram constituídas basicamente, de negros livres ou de
libertos pela República Rio-Grandense,(...)."
Temidos pelo fato de
serem truculentos e ao mesmo tempo exímios esgrimistas, esses
combatentes, sobretudo a cavalaria, utilizava como equipamentos de
combate: lanças compridas; coletes de couro cru; esporas afiadas presas
aos pés e boleadeiras. A boleadeira, por exemplo, quando arremessada
capturava o inimigo que por ventura estivesse distante de uma montaria.
Subordinados
a vários ex-oficiais do militarismo imperial brasileiro, entre eles, os
idealizadores dos lanceiros, coronéis Joaquim Pedro Soares e Teixeira
Nunes, o efetivo formado pela parcela mais discriminada da população,
isto é, os negros, ocuparam um importante destaque na nomenclatura do
conflito. Isto porque, foram muitas as batalhas em que os milicianos
agiram em defesa dos mesmos objetivos ensejados pelos revolucionários,
ou seja, o de garantir um futuro melhor e mais justo para todos os
provincianos.
Sob os olhares de Bento Gonçalves, do casal
Garibaldi e de David Canabarro, os revolucionários negros participaram
efetivamente da tomada de Porto Alegre, da conquista de Laguna, e do
conflito na Região de Lages, além da Batalha de Porongos.
De
acordo com historiadores, Canabarro teria ordenado desarmar os cerca de
600 lanceiros na noite de 14 de novembro de 1844. Tal determinação não
chamaria a atenção, se ela não tivesse sido transmitida na mesma noite
do ataque imperialista. São muitas as fontes afirmando o "pacto de
extermínio dos negros com Caxias para que não houvesse impedimento na
assinatura do tratado de paz com os revoltosos". A realização do
provável acordo "arquitetado por Caxias ''tinha embasamento alicerçado
em duas vertentes naturais. Ao exterminar o maior número de negros
possível, certamente diminuiriam também as exigências dos revoltosos no
que tange o acordo de paz. Por outro lado, "manter a liberdade do grande
contingente negro com experiência militar era um grande risco para
sociedade".
Desarmados e sem apresentar nenhuma reação, a tropa de
choque mais temida do Sul brasileiro foi dizimada no cair da madrugada.
Infelizmente, o passado relacionado aos lanceiros negros farrou pilha
sempre esteve atrelado aos bastidores da historiografia oficial, e
somente em 1870, é que surgiu o primeiro livro sobre o assunto.
De
07 a 20 de setembro, a história deste grupamento será relembrada na
maior festa popular do Rio Grande do Sul através da Semana Farroupilha.
REFERÊNCIAS UTILIZADAS:
BENTO, Claúdio Moreira. O negro e descendentes na sociedade do Rio Grande Do Sul (1635- 1975). Porto Alegre, RS: grafosul, 1976.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. A incrível saga de um país. São Paulo: ática, 2003.
Moda na história/Família Real no Brasil/Revolução Farroupilha. Revista Descobrindo a História. São Paulo: mythos, v.06, 2008.
Fonte: A Tribuna Net
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