Parlamentares e MinC iniciam diálogo em defesa das políticas culturais


Representatividade suprapartidária: 10 deputados e 3 senadores da Frente Parlamentar da Cultura estiveram em audiência com a ministra Ana de Hollanda (MinC).
Representatividade suprapartidária: 10 deputados e 3 senadores da Frente Parlamentar da Cultura estiveram em audiência com a ministra Ana de Hollanda (MinC).
Uma comitiva suprapartidária, composta por 10 deputados e 3 senadores que compõem a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura no Congresso Nacional, iniciou um diálogo formal com o Ministério da Cultura (MinC) na última quarta-feira (24/08). O objetivo foi estabelecer uma pauta comum de trabalho entre os poderes Legislativo e Executivo, que pretendem manter uma agenda de reuniões regulares para tratar de temas diversos, como a integração entre a educação e a cultura, o fim dos cortes e a ampliação de recursos orçamentários para a pasta e aprovação de projetos prioritários para cultura brasileira.
Recursos. Em reunião com a ministra Ana de Hollanda e o secretário-executivo do MinC, Vítor Ortiz, os parlamentares manifestaram particular preocupação com a situação do orçamento da pasta, sacrificado pelos sucessivos contingenciamentos promovidos nos últimos anos pelo governo. As deputadas Jandira Feghali (PCdoB/RJ), presidente da Frente Parlamentar da Cultura, e Fátima Bezerra (PT/RN), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, prometeram lutar conjuntamente para tentar impedir os contingenciamentos de recursos e reforçar a dotação orçamentária do Minc por meio da aprovação de emendas de autoria da Comissão de Educação e emendas individuais dos parlamentares comprometidos com o desenvolvimento da cultura no país. Em idêntico sentido, o senador Cristovam Buarque (PT/DF), que preside a Comissão de Educação no Senado, também assumiu o compromisso de apoiar o MinC no Senado Federal.
A proposta das deputadas também foi endossada pela senadora Lídice da Mata (PSB/BA), que demonstrou indignação com o tratamento dispensado pelos governos aos projetos do setor. “Não é possível que continuemos a aceitar esse descaso. Um orçamento baixíssimo como o do MinC não pode sofrer cortes lineares e proporcionais às demais áreas de governo. Isso é uma enorme desigualdade”, protestou.
Jandira Feghali lembrou da necessidade do Congresso agilizar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 150, que garante a vinculação constitucional de 2% do Orçamento Geral da União para a Cultura.
Música nas Escolas. Ana de Hollanda disse que o MinC vem realizando reuniões regulares com o Ministério da Educação (Mec) para avaliar a proposta de regulamentação do ensino de música nas escolas (Lei nº 11.769/2008). Segundo ela, a capacitação e credenciamento de professores têm sido as principais dificuldades para o MinC concluir uma proposta de texto. Os parlamentares solicitaram à ministra a possibilidade de terem acesso à matéria antes da publicação no Diário Oficial da União. E lembraram que a Comissão de Educação já aprovou requerimento da deputada Alice Portugal (PCdoB/BA) para debater o assunto em audiência pública a ser realizada na Câmara ainda esse semestre.
Direitos Autorais. O colegiado cobrou da ministra Ana de Hollanda o envio da proposta de revisão da Lei de Direitos Autorais para o Congresso Nacional. Os parlamentares foram informados por ela que o texto foi encaminhado no último dia 15 de julho para o Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual (GIPI), onde aguarda ser analisado antes de seguir para o Legislativo.
Os integrantes da Frente Parlamentar da Cultura não receberam bem a notícia de que a criação de uma estatal de fiscalização dos órgãos de gestão coletiva restou excluída da proposta. “Nós vamos continuar trabalhando para garantir que esse órgão de fiscalização do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) ou outros órgãos de arrecadação exista na lei. Deixar essa responsabilidade para os parlamentares pode dificultar os entendimentos e a aprovação do texto na Câmara”, antecipou Jandira.
O Minc argumentou a inconstitucionalidade da medida e disse que propôs criar um órgão de registro e o fortalecer o papel fiscalizador do próprio MinC. Para assegurar celeridade e possíveis alterações de conteúdo, como a inclusão do órgão estatal de fiscalização na LDA, Jandira Feghali informou que esteve reunida durante essa semana com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) em busca de apoio. “Isso facilitará a aprovação do conteúdo da proposta no Legislativo”, justificou.
Pontos de Cultura. Os parlamentares indagaram à ministra Ana de Hollanda sobre a situação dos convênios, dívidas e perspectivas de compromissos orçamentários do MinC com os pontos de cultura. A Frente sugeriu que os esclarecimentos fossem prestados por escrito, preferencialmente, como forma de nivelar as informações entre integrantes do colegiado e a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, que reclamam da burocracia excessiva e morosidade quanto à análise dos documentos por parte dos técnicos do MinC.
O secretário executivo do MinC, Vítor Ortiz, esclareceu que a pasta dispõe de recursos suficientes para quitar todos os compromissos, mas que a demora resulta da pendência documental dos pontos. A Frente insistiu para que o problema fosse solucionado, já que o programa envolve 8 milhões de pessoas no Brasil. “É um programa que aposta na diversidade e na integração dos saberes e fazeres da cultura de todo o Brasil”, ressaltou Jandira.
Outros projetos. A Frente pediu o apoio do MinC para acelerar as votações de matérias que estão prontas para ser apreciadas no plenário da Câmara (PL nº 5798/2011 – Vale Cultura, PECs nº 150/2003 – Recursos para a Cultura, 416/2005 – Sistema Nacional de Cultura e 98/2007 – PEC da Música) e outros projetos que estão em fase de discussão (PL nº 6722/2010 – Procultura e a revisão da Lei de Direitos Autorais que está a caminho do Congresso), e a realização de debate sobre a relação dos eventos esportivos internacionais e a culturais no país. “É uma oportunidade imperdível de projetarmos a riqueza e a diversidade de nossa cultura para o mundo”, observou Jandira.
PNE/PNC. Ao término da reunião, Jandira Feghali comunicou aos presentes que havia solicitado ao ministro Fernando Haddad (Educação) uma agenda de compromisso com a Frente para tratar da política de integração entre o Plano Nacional de Educação e o Plano Nacional de Cultura. Uma das propostas prevê a inserção das escolas públicas no mercado consumidor da produção audiovisual brasileira por meio de parceria, onde as escolas receberão cópias para exibições para seus corpos discentes e docentes.
Representatividade. Participaram da audiência os deputados Raul Henry (PMDB/PE), Paes Landim (PTB/PI), Paulo Rubem Santiago (PT/PE), Tiririca (PR/SP), Luciana Santos (PCdoB/PE), Fátima Bezerra (PT/RN), Professora Dorinha (DEM/TO), Carmem Zanotto (PPS/SC), Marina Santana (PT/GO), Jandira Feghali (PCdoB/RJ), além dos senadores Cristovam Buarque (PT/DF), Ana Rita (PT/ES) e Lídice da Mata (PSB/BA).
Reportagem: Patrício Macedo.

Seminário "Segurança digital e cidadania"


COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA 54ª Legislatura - 1ª Sessão Legislativa Ordinária 
 
LOCAL: Plenário 13, Anexo II da Câmara dos Deputados
DATA/HORÁRIO:  24.08.2011 - 8h30

Seminário

          "Segurança digital e cidadania"
(Requerimento nº 72, de 2011, dos Deputados Luiza Erundina, Sandro Alex e Eduardo Azeredo)


PROGRAMAÇÃO
ABERTURA(8h30)

Convidado:

Deputado BRUNO ARAÚJO
Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados


PAINEL I (texto do projeto)
"Tipos penais"
(9h)

Mediadora: Deputada LUIZA ERUNDINA

PALESTRANTES:

FERNANDO BOTELHO
Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)

JUAREZ ESTEVAM XAVIER TAVARES
Subprocurador-geral da República

CORIOLANO AURÉLIO DE ALMEIDA CAMARGO SANTOS
Presidente da Comissão de Crimes de Alta Tecnologia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo

OMAR KAMINSKI
Presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Informática (IBDI)


PAINEL II (texto do projeto)
"Formas de investigação"
(10h45)

Mediador: Deputado SANDRO ALEX

PALESTRANTES:

JOSÉ ANTONIO MAURILIO MILAGRE DE OLIVEIRA
Consultor para a Legaltech Brasil

THIAGO BOTTINO
Professor de Direito Penal Econômico na Fundação Getúlio Vargas (FGV)

CARLOS EDUARDO MIGUEL SOBRAL
Chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal

VANESSA FUSCO NOGUEIRA SIMÕES
Coordenadora da Promotoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público do Estado de Minas Gerais


PAINEL III (impactos sociais)
"Direitos fundamentais e cidadania"
(14h)

Mediadora: Deputada MANUELA D'ÁVILA

PALESTRANTES:

CARLOS AFFONSO PEREIRA SOUZA
Professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

JOÃO CARLOS CARIBÉ
Publicitário

GUILHERME VARELLA
Advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)

SILVIO MEIRA
Cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.)

SERGIO AMADEU DA SILVEIRA
Professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC)


PAINEL IV (impactos sociais)
"Economia e segurança"
(16h)

Mediador: Deputado EDUARDO AZEREDO

PALESTRANTES:

JULIANA PEREIRA DA SILVA
Diretora do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça

EDUARDO NEGER
Presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet)

MARCEL LEONARDI
Diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais do Google Brasil

MARCOS VINÍCIUS FERREIRA MAZONI
Diretor-Presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro)


ENCERRAMENTO(18h)

50ª CARAVANA DA ANISTIA

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Lançamento do Livro Histórias do Mato no bairro rural Boa Vista, Bragança Paulista

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Lançaremos o livro Histórias do Mato no bairro Boa Vista, em Bragança Paulista, e convidamos a tod@s a participarem do evento, e aproveitarem para conhecer o bairro e alguns de seus moradores que participaram do livro, como a Dona Benedicta retratada na foto do convite.
 

convite - 20 anos de NUANCES

Lançada a Biblioteca do Mundo

A NOTÍCIA DO LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL, A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.
Já está disponível na Internet, através do site www.wdl.org

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica
em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do
planeta.

Tem, sobretudo, caráter patrimonial" , antecipou em LA NACION Abdelaziz
Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e outras 32
instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a não ser "com valor
de patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer melhor as culturas do
mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol
e português. Mas há documentos em linha em mais de 50 idiomas".

Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à
contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por
Diego Gutiérrez para o rei de Espanha em 1562", explicou Abid.

Os tesouros incluem o Hyakumanto darani, um documento em japonês publicado
no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato
dos aztecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo;
trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos
utilizados como oráculos e esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas
fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia
do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

Fácil de navegar:

Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve explicação
do seu conteúdo e seu significado. Os documentos foram passados por scanners
e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete
línguas, entre elas O PORTUGUÊS. A biblioteca começa com 1200 documentos,
mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas,
fotografias e ilustrações.

Como se acede ao sítio global?

Embora seja apresentado oficialmente na sede da UNESCO, em Paris, a
Biblioteca Digital Mundial já está disponível na Internet, através do sítio:

www.wdl.org

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela Web ,
sem necessidade de se registrarem.

Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas,
tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete
idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português),
embora os originas existam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São
Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em
1840. Com um simples clique, podem-se passar as páginas um livro, aproximar
ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição
das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

Entre as jóias que contem no momento a BDM está a Declaração de
Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos
países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da
história; o jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de
Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das "Fábulas" de La
Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a
Bíblia de Gutemberg, e umas pinturas rupestres africanas que datam de 8.000
A.C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:

América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da
Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e à
Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da Biblioteca
do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11
milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a
investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste esse
sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num
mundo audio-visual.

--
Rodrigo R. Apolinário
skype: pianinhotri

Articulador Cultural - Tuxáua MINC
Projeto Zuando Som - Histórias Cantadas da Infância dos Mestres Griôs
www.culturadigital.br/historiascantadas

AGENTES DE LEITURA Inclusão social e cidadania cultural

Nossa tarefa é ler o mundo
Walt Whitman

O essencial não é ter um método para ler bem, mas saber ler, isso é: saber rir, saber dançar e saber jogar, saber interiorizar-se jovialmente por territórios inexplorados, saber produzir sentidos novos e múltiplos. A única coisa que pode fazer um mestre de leitura é mostrar que a leitura é uma arte livre e infinita.
Jorge Larrosa. Nietzsche e a Educação.


A leitura como direito
Em seu livro Como um romance, o escritor francês Daniel Pennac fala dos direitos imprescritíveis do leitor. São eles: “o direito de não ler, o direito de pular páginas, o direito de não terminar um livro, o direito de reler, o direito de ler qualquer coisa, o direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível), o direito de ler em qualquer lugar, o direito de ler uma frase aqui e outra ali, o direito de ler em voz alta e o direito de calar”.

Para Pennac, tal como o verbo amar, o verbo ler não suporta o imperativo. Ler é outra coisa. Na leitura é preciso imaginar, portanto, trata-se de um ato de criação permanente. Ninguém ama nem lê por obrigação. Talvez, venham dessa afirmação, os direitos imprescritíveis do leitor pensados pelo escritor francês. E o primeiro é exatamente o direito de não ler. A partir dessa leitura inspiradora, fiquei pensando no prolongamento desses direitos com o exercício de imaginação que segue:

Toda pessoa tem o direito de ler. O direito de ler em casa no aconchego com os pais, os filhos, o marido, a esposa, o namorado, a namorada. O direito de ler na escola com o carinho da professora. O direito de ler na biblioteca na companhia dos livros. O direito de ler na roda com amigos. O direito de ler para dormir e sonhar. O direito de ler para acordar o mundo. O direito de ler para amar. O direito de ler para conversar melhor sobre as coisas da vida e do mundo. O direito de ler na escola durante uma aula chata ou na rede para enganar a preguiça. O direito de ler para se aventurar por entre saberes e sabores. O direito de ler para viajar por pessoas, tempos e lugares. O direito de ler para gastar os livros com as impressões digitais e com as asas da imaginação. O direito de ler para brincar com as palavras, as histórias, as poesias, as fábulas, os contos. O direito de ler para crescer com os livros fazendo parte de sua vida e de sua história. O direito de ler para compreender o que lê. O direito de ler para poder se encontrar com o outro, com o mundo e consigo mesmo. O direito de ler para escrever, reinventar e transformar o mundo. Junto a isso, mais dois direitos fundamentais: toda pessoa tem o direito de não saber ler, mas toda pessoa tem o igual direito de ter vontade de aprender a ler para viajar nos mundos que moram dentro das palavras.
Esse exercício de prolongamento dos direitos imprescritíveis do leitor é imaginado aqui com ênfase no direito à leitura como um direito de cidadania. Diz Jorge Luiz Borges, que o livro é a extensão da memória e da imaginação. Sendo assim, quem lê amplia seus horizontes, seus conhecimentos, seus repertórios culturais, sua capacidade crítica e inventiva. Quem lê amplia sua compreensão leitora e sua própria capacidade de ler o mundo.

Vivemos num país onde os indicadores de leitura não são nada favoráveis. Por mais que estejamos avançando, os níveis de compreensão leitora ainda são baixíssimos e o número de leitores, idem. Daí o acesso ao livro e formação leitora ser um direito básico de cidadania, de inclusão social e de desenvolvimento. É nessa perspectiva que o agente de leitura deve agir. Sua ação cultural é, por excelência, uma ação social de transformação da realidade onde ele está inserido. Numa dimensão mais ampla, todo agente de leitura é um agente cultural e social.

Uma ponte cultural

A ponte não é de concreto,
não é de ferro,
não é de cimento.
A ponte é até onde vai
o meu pensamento.

Lenine e Lula Queiroga

A imagem de que partirmos para pensar a noção de ação cultural é a ponte. Pela ponte fazemos contatos, ligações, intercâmbios, comunicações, diálogos e encontros culturais. A ponte é uma boa metáfora para a idéia de travessia cultural. Algo muito mais do que ligar um ponto ao outro, uma cultura à outra. A ponte pode ser uma zona de contato e de ação intensa de produção, difusão e fruição cultural.

Zonas de contatos, segundo Boaventura de Souza Santos, são áreas “onde culturas, sociedades, arranjos normativos, estilos de vida, concepções de mundo muito distintas, com formas de poder também muito distintas, se encontram”. Já ação cultural é um movimento de geração de interação e de diálogo entre sujeitos de meios sociais e de universos culturais diversos, através do compartilhamento de linguagens artísticas e de experiências culturais. A ação cultural implica, portanto, na compreensão intersubjetiva do lugar que ocupamos no mundo. De como, através da experiência com o saber e o fazer cultural, podemos compor interpretações e leituras como formas possíveis de atribuição de sentidos à produção simbólica e às relações do sujeito com o outro e com o mundo, numa perspectiva de subversão e transformação da realidade social.

Pensando com Maria Christina Almeida, “A ação cultural busca a expressão e a criatividade dos indivíduos no grupo e na comunidade. Está ligada à idéia de transformação, de emancipação a partir da expressão. Diz respeito não apenas a produtos culturais acabados, como também as condições que levem à capacidade criativa, à produção cultural.” Sendo assim, a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas uma relação mediada e complexa. Daí a importância do papel do agente como aquele que estabelece uma interação entre os sujeitos e o mundo cultural que o rodeia.

A proposta dos Agentes de Cultura consiste em movimentar relações sociais através de instrumentos e linguagens artísticas e culturais. O agente é aquele que estabelece pontes de comunicação entre os universos que percorre, enfocando esses atores sociais como sujeitos que transitam entre múltiplos pólos, mobilizando idéias, estilos de vidas, práticas sociais, modos de percepção, objetos, linguagens e universos culturais. Dessa forma, os agentes de cultura, – enfatizando aqui, os agentes de leitura –  não apenas dão movimento a esse trânsito como desempenham o papel de fazer interagir diferentes mundos e experiências por meio da literatura numa interfase com outras linguagens artísticas e suportes de leituras.

Sendo assim, podemos pensar os Agentes de Cultura como sujeitos intermediários que provocam a comunicação entre mundos diversos, como tradutores e veículos das diferenças, sempre respeitando, compreendendo e fazendo compreender a diversidade cultural que os rodeia no sentido de valorizar e promover a diversidade humana. Por outro lado, não podemos entender o papel do agente cultural sem a sua função social, ou seja, todo agente cultural é, por excelência e em potencial, um agente social, um agente inventivo de transformação da realidade. Trata-se, portanto, de reconhecer a dimensão cultural da sociabilidade e a importância crescente da linguagem na construção social da realidade. Noutras palavras, cultura e sociedade estão indissociavelmente ligadas.

Nesse sentido, a ação cultural se apresenta como um princípio de inclusividade e de cidadania. Como instrumento que estimula a aquisição de competências, saberes, fazeres e compartilhamento de experiências que potencializem as capacidades e o poder de atuação das comunidades atendidas, de modo a diminuir as barreiras sociais e culturais e a descobrir nas diferenças riquezas próprias. Procurando valorizar e afirmar as diferenças culturais, étnicas e sociais, de modo a consolidar identidades, mas também dando a conhecer essas diferenças, facilitando a inter-relação e inter-compreensão dos diversos atores sociais.

Os agentes de leitura[1]
Os agentes de leitura com os quais me debruçarei neste artigo têm lá suas cores e peculiaridades. Trata-se de um projeto do Ministério da Cultura que foi buscar lá no Ceará, sua fonte de inspiração e de trabalho.

O projeto se insere no programa Mais Cultura e tem como objetivo promover a democratização do acesso à produção, à fruição e à difusão cultural através do livro e da leitura como ação cultural estratégica de inclusão social e de desenvolvimento humano, por meio de atividades de socialização de acervo bibliográfico e de experiências de leituras compartilhadas como exercícios de cidadania, de compreensão de mundo e de ação alfabetizadora.

Os agentes de leitura são jovens entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo, situados, preferencialmente, num contexto sócio-econômico do programa Bolsa Família, selecionados por meio de uma avaliação escrita (interpretação e produção textual), fluência de leitura e uma entrevista domiciliar. Feito o processo de seleção, passam por uma formação continuada e cadastram um grupo de 30 famílias de sua comunidade, onde desenvolvem atividades de formação leitora como rodas de leituras, cirandas de livros, leituras compartilhadas, empréstimos de livros, contação de histórias, saraus artísticos, performances literárias, registros de contos populares e criação de clubes de leituras entre os membros de suas comunidades.

Os agentes de leitura atuam integrados às bibliotecas públicas municipais, dinamizando seus acervos e realizando programações culturais, como rodas de leituras e oficinas literárias. Da mesma forma, estão inseridos nas escolas, contribuindo na formação leitora de crianças e jovens, atuando articulado com os professores em projetos pedagógicos de incentivo à leitura, voltados para a comunidade escolar. Outros ambientes importantes para a ação dos agentes são os Pontos de Leitura e Pontos de Cultura existentes na em suas áreas de abrangência, mobilizando o acervo literário e participando das programações culturais nesses pontos, desenvolvendo assim, uma ação sistêmica de livro e leitura, onde educação e cultura atuam juntas e de maneira integrada, criando ambientes favoráveis para a formação leitora dentro das casas, gerando uma melhoria do rendimento escolar de crianças e jovens atendidos pelo projeto.

O projeto é uma ação de formação educacional e humana. Formação compreendida como uma viagem aberta, uma aventura, uma experiência de transformação e de encontros com o outro, com o mundo e consigo mesmo. Os agentes são selecionados e formados num processo contínuo, descobrindo o que há de melhor em si, para atuarem em suas próprias comunidades com responsabilidade social e comprometimento ético, desenvolvendo talentos, saberes e fazeres para compartilhar experiências de interpretações e de leituras de mundo por meio da arte e da cultura. Atuarão em seus territórios, gerando zonas de contato e pontes de interação, proporcionando às comunidades o acesso à produção cultural através de processos críticos e inventivos de compreender, criar e transformar o mundo a partir de suas próprias realidades; servirão ainda como incentivadores/propiciadores/divulgadores da produção comunitária para um contexto mais amplo, constituindo-se numa ponte de mão-dupla entre o local e o universal. Nesses termos, os agentes de leitura são construtores de pontes, gerando encontros e comunicações entre as margens, facilitando o acesso aos bens e serviços culturais. Atuando como leitores e escritores do mundo a partir da inserção e da interpretação de suas próprias realidades, estarão eles, também, ampliando seus horizontes, conhecimentos e capacidades de compreensão leitora e de escrita através das linguagens artísticas e do acesso aos saberes e à produção cultural universal.

Partindo dessa premissa, a formação dos agentes de leitura consiste no desenvolvimento contínuo de construção e experimentação de conhecimentos, conteúdos, procedimentos e habilidades em torno da sensibilização e pedagogia da leitura, dinamização do acervo literário, consciência e expressão corporal, literatura e contação de histórias, saberes comunitários, produção textual e criação literária, registro e difusão de contos populares, criação de clubes de leituras, planejamento das ações, bem como conceitos de leitura, cultura, ação cultural, inclusão social e cidadania cultural. Essas noções e abordagens compõem o cardápio básico cultural e pedagógico da formação dos agentes de leitura. No entanto, sua formação vai para além da carga horária dos cursos oferecidos. No âmago dessa formação está a vida de cada agente de leitura, compreendendo nesse percurso, a possibilidade de promover situações de formação leitora na sua própria vida. De como um agente de leitura tem que inebriar-se de poesia para derramar poesia na vida das pessoas, de como ele tem que ser tocado por um bom conto para pousar na inteligência do outro, de como ele pode se indignar com um texto para que possa provocar algum pensamento no outro, de como ele pode se emocionar com uma história de amor para compartilhar essa sensibilidade com o outro, de como ele pode se divertir com uma crônica para que possa sentir a alegria do outro, de como ele pode ficar mudo diante de uma beleza literária para que possa compartilhar seu silêncio com o outro. Afinal, como fala Bartolomeu de Campos Queiróz, ninguém dá conta da beleza sozinho, sempre necessitamos do outro para compartilhar da beleza que nos toca. É como ver um pôr-do-sol do sol e se lembrar de um bem-querer: “Quem devia está vendo este pôr-do-sol não era eu e sim fulano de tal”. O mesmo sentimento valeria para um bom livro que nos toca e nos envolve. É como se o agente de leitura dissesse: “que livro lindo, preciso compartilhar essa beleza com outras pessoas”. Aí pode ser uma criança, um homem, uma senhora quem fazem parte de seu itinerário por entres casas, escolas, bibliotecas, hospitais, presídios, pontos de leitura e outros ambientes favoráveis para a leitura.

A experiência da leitura
Para ser um agente de leitura a pessoa tem primeiro que gostar de ler, ter vontade e compromisso social de compartilhar esse gosto e sua experiência de leitura com outro tanto de gente, formando leitores em ambientes diversos como bibliotecas públicas municipais, escolas, hospitais, fábricas, empresas, associações, comunidades e dentro das casas, no seio de famílias que abrem suas portas para que os livros e a leitura possam entrar em suas vidas.

Daí a importância da dimensão da experiência. Destaco bem essa palavra. O educador espanhol Jorge Larrosa gosta muito de burilar com ela. Para ele, a própria palavra experiência nos ensina coisas. Ela vem do latim experiri e seu radical pode nos levar a idéia de relação, perigo, travessia, passagem, viagem. Para Larrosa, a experiência é cada vez mais rara, por falta de tempo e pela ânsia da pressa nos dias de hoje. Por isso mesmo, a experiência requer outro tipo de tempo e de espaço, que chamo vagar. Precisamos vagar para sentir o tempo da experiência. Mas deixemos o Jorge Larrosa com a voz. Num artigo intitulado Notas sobre a experiência e o saber de experiência, ele escreve: “A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.”

Se a experiência é o que nos passa, o que nos atravessa, o que nos acontece, o que nos toca, a experiência da leitura só pode ser uma experiência de formação, ou, se preferirmos, uma viagem aberta de transformação. Creio que a ação do agente de leitura pode partir desse sentido e sentimento: a experiência da leitura é capaz de nos fazer melhores e ao mundo. Alberto Manguel em seu livro Uma história da leitura, diz isso com maestria: “Todos nós lemos a nós próprios e ao mundo à nossa volta para vislumbrarmos o que somos e onde estamos. Lemos para compreender ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase tanto como respirar, é uma das nossas funções vitais." Que bela constatação. Penso que devemos nos guarnecer dela: ler é uma das nossas funções vitais. Por isso mesmo, lemos com os olhos e com a boca, com os ouvidos e com o nariz, com as mãos e com os pés. Lemos com a alma e com o corpo inteiro.

Aliás, como nos lembra ainda Manguel, existem várias formas de nomear a arte do leitor. Ou várias metáforas da leitura. Uma delas é considerar o livro como um ser humano ou o ser humano como um livro, o autor como um leitor e o leitor como um autor, o mundo como texto ou um texto como o mundo. O fato é que, como nos aponta Walt Whitman, nossa tarefa é ler o mundo. E, quem sabe, indo além, transformar o mundo através dessa arte de cultivar o encontro, chamada a experiência da leitura.

Uma imagem de pensamento: a vida dentro de um livro
Lilian é uma agente de leitura na pequena cidade de Mucambo, no estado do Ceará. Certa vez, em um de seus relatórios de atividades, narrou uma bela história. Ela nos conta que quando chegou na casa de Dona Antônia, uma velha senhora camponesa e artesã da palha da carnaúba, abriu um livro e começou a lê-lo. Lilian lia e Dona Antonia ria. Lilian atravessava um conto e Dona Antônia dava risadas. Quanto mais Lilian avançava nas páginas daquela história, mas Dona Antônia dava gargalhada. Ao final, quando Lilian terminou a leitura, a velha artesã disse:

- Minha fia, eu não sabia que a minha vida todinha tava dentro desse livro.

A frase da Dona Antônia foi o bastante para a Lilian perceber a riqueza daquele momento. Ela saiu dali semeando para sua comunidade que aquele era o livro onde Dona Antônia se encontrara. E todo mundo queria saber qual era o livro que aquela senhora tão querida estava dentro. Essa imagem de pensamento nos instiga a pensar a relação entre a vida e a literatura, entre o escritor e o leitor. E nessa relação, o que conta não é apenas o mundo que o escritor pensou, mas o mundo que o leitor pode criar e escrever. O mundo e a história que o leitor pode construir inspirada nalguma fábula, conto, romance ou poema. O que uma narrativa, um verso podem possibilitar de diálogo e de leitura de mundo por parte do leitor. Gosto dessa relação porque abala a idéia da autoria centrada na figura do escritor e coloca a leitura como uma experiência de viagem e de descoberta interior. Podemos sentir isso no belo poema Infância de Carlos Drummond de Andrade:

            Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre as mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé.
Comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
A ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
Chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
— Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
         
A partir disso podemos pensar em outro tipo de relação com a leitura. Tanto os versos finais desse poema de Drummond como a frase de Dona Antonia, nos levam a crer que, ao mesmo tempo em que à literatura pode levar a vida, a vida também pode nos levar à literatura. Está aí uma belo sentido e sentimento da ação de um agente de leitura.

Nessa perspectiva, quando um agente de leitura chega numa casa, seu objetivo não é desenvolver atividades pedagógicas com leituras funcionais e instrumentais, mas despertar o interesse e gosto pela leitura de maneira crítica e inventiva, como um prazer infinito na vida de cada pessoa. Quando ele faz um empréstimo de livro ou uma roda de leitura compartilhada numa casa, numa escola ou numa biblioteca, sua preocupação não é saber o que o leitor entendeu da leitura ou o que o autor quis dizer com tal frase. Ao agente interessa conversar sobre as coisas da vida e do mundo a partir da leitura de cada um. Quais as relações e que bifurcações essas leituras podem gerar. De como um bom livro pode nos levar para uma canção, um filme, uma peça teatral, uma dança, uma pintura, uma memória, uma cidade, uma paisagem, um tempo... e nos trazer de volta para o livro ou nos levar para um outro livro e viagem literária.

Por fim, retomo a frase digna de um Guimarães Rosa, que Dona Antônia soltou num encontro literário com a Lilian. O que elas conversaram ou por quais veredas as duas se embrenharam? Isso tudo me faz pensar na leitura como uma ação cultural dinâmica, que tem a ver com a formação e a aventura humana de cada leitor. Imagino ser isso a anima do agente de leitura: fazer cada um descobrir o que há de melhor em si, através do tato e do contato, do hábito e do hálito, do curso e do percurso, da vida e da experiência de cada um com a leitura como essa viagem de transformação e de encontros com o outro, com o mundo e consigo mesmo.

Fabiano dos Santos. Diretor de Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, onde exerceu também a função de Secretário Substituto da Secretaria de Articulação Institucional e Coordenador de Articulação Federativa do Programa Mais Cultura. Doutor em Educação pela UFC e Mestre em História pela PUC-SP. Graduado em História pela UFC. Foi Coordenador de Políticas de Livro e de Acervos da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, no período de 2005 a 2007, onde concebeu e coordenou o projeto Agentes de Leitura do Ceará. É também escritor e poeta do grupo Os internos do pátiO.

BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. A ação cultural em bibliotecas: grandeza de uma prática e limitações de um papel. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 20, n. 1/4, p. 31-38, 1987.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Record, 2001.
LARROSA, Jorge. Nietzsche & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
LARROSA, Jorge.  Notas sobre a experiência e o saber de experiência.  Revista Brasileira de Educação, nº 21, novembro de 2001. ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. In:http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.pdf
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
SANTOS, Boaventura de Souza. A territorialização/desterritorialização da exclusão/inclusão social no processo de construção de uma cultura emancipatória.  In: http://www.cedest.info/Boaventura.pdf.

[1] Os agentes de leitura, da maneira aqui apresentada, têm como referência o projeto Agentes de Leitura, criado em 2005 pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, financiado pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP), com atuação em municípios do interior cearense e em bairros da cidade de Fortaleza com baixos índices de Desenvolvimento Municipal (IDM) e de Desenvolvimento Humano (IDH), em parceria com as Secretarias de Educação e de Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado, associações comunitárias, organizações não governamentais, instituições da sociedade civil e com as prefeituras municipais por meio de suas secretarias de cultura e de educação. O projeto teve início com 175 agentes de leitura em 15 municípios e 05 bairros de Fortaleza. Hoje são mais de 500 agentes atuando em 30 municípios e em 10 bairros da capital. O projeto se tornou referência nacional de política pública na área do livro e da leitura, transformando-se em uma ação do Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura.


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Práticas religiosas na Costa da Mina

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais

Práticas religiosas na Costa da Mina

O sítio Costa da Mina (www.costadamina.ufba.br) disponibiliza uma seleção de
fontes européias, em língua original e em tradução para o português,
referente às práticas religiosas desenvolvidas na Costa da Mina (África
ocidental), entre 1600 e 1730. Fruto de pesquisa desenvolvida no Centro de
Estudos Afro-Orientais CEAO) da Universidade Federal da Bahia, o projeto
pretende contribuir para a democratização de documentos de difícil acesso e
estimular a pesquisa obre a história da África, no Brasil e alhures. Por
favor, visitem e divulguem o link.

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CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais

Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador -
Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site:
www.ceao.ufba.br

Grosso modo: Orgulho heterossexual é coisa de fascista!

quinta-feira 4 de agosto de 2011, por Marina Costin Fuser


Vereadores de São Paulo aprovam a criação do “Dia do Orgulho Heterossexual”, com repercussão internacional, para vergonha do movimento pela diversidade sexual e contra a homofobia e lesbofobia. Para Gilberto Kassab, prefeito desta metrópole paulistana, uma das mais diversas do mundo (tido socialmente como homossexual dentro do armário), “é um projeto como outro qualquer”, que não incentiva a homofobia. O vereador autor do projeto é evangélico e considera que os “gays” têm privilégios. O prefeito tem 15 dias para sancionar ou vetar o texto aprovado nesta semana. Os sites das revistas "Forbes" e "Newsday" deram destaque ao "Straight Pride Day". O assunto chegou a ser um dos mais comentados mundialmente no Twitter. O movimento LGBTT pede veto ao projeto. Sobre o tema, artigo da socióloga Marina Costin Fuser.
Grosso modo: Orgulho heterossexual é coisa de fascista!

A Câmara Municipal de São Paulo, nesta última terça-feira, aprovou o projeto de lei 294/2005 defendido pelo governador Carlos Apolinário (DEM) que institui o "dia do orgulho heterossexual". Tenho algumas linhas a dizer sobre isso.
Em sociedades heteronormativas, parece-me absurdo festejar o statu quo, decaindo vergonhosamente na celebração da homofobia vigente. O mundo é atravessado por relações desiguais de poder, e o sentido da alteridade, que está na base da distribuição díspar de poderes, é construído social e historicamente. O fato de haver uma vontade de igualdade, por si só, não faz com que as barreiras de exclusão desapareçam. Seria preciso derrubá-las.
Lamentavelmente, quem mais se incomoda com a ideia de "minorias" são aqueles que sustentam e reforçam os preconceitos que colocam à margem da sociabilidade certos grupos sociais, com base em diversos critérios de exclusão , como classe, raça, credo, etnia, gênero e orientação sexual. O termo "minoria" não pode ser medido numericamente, mas pelo grau de exclusão. Não está satisfeito com o termo "minoria"? Invente um melhor. Por falta de palavras, fico com aquelas que estão aí. Ressignifico, retiro essa aura de um certo humanismo hipócrita que coloca tudo no mesmo balaio de gato. Não por acaso.
Entre os grupos favoráveis a um "orgulho branco" figuram os Ku Klux Klan, os nazi-fascistas, os eugenistas, entre outros algozes que mandaram negros para a fogueira e campos de concentração. Desde a abolição da escravatura em 1888, ainda não resolvemos a questão racial no Brasil: os negros permanecem na base da pirâmide social e encontram barreiras quase intransponíveis à ascensão social.
O machismo vigente ainda deixa em evidência os limites dessa ideia de Brasil-potência, como pivô da América Latina, onde se elege uma presidente mulher, mas os índices continuam escandalizando a opinião pública pela violência doméstica. Indígenas continuam a ser massacrados desde o Brasil colônia.
Por fim, apesar do recrudescimento de crimes homófobos na metrópole paulistana, nossos vereadores ainda têm a cara-de-pau de promover um dia de festa para comemorar a exclusão. E assim se proliferam os ovos da serpente, dando luz a novos e a velhos fascismos.
Ver online : Brasil de Fato