AO MESTRE COM CARINHO


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Quando te conheci ainda era uma adolescente descobrindo meu caminho, minha identidade negra e nestas buscas te conheci, te conheci galante, falante, sorridente no bar do marinho, ainda era na rua da república naquela garagem, onde trocávamos ideias e cantávamos musicas diversas, sempre regadas a uma ceva bem gelada ou um vinho tinto seco. Depois fomos nos encontrando pelos bares da cidade baixa e assim um dia eu que apenas escutava sua voz a noite lhe vi num show tocando sopapo.
Até então não tinha me ligado o que era o Sopapo e nem que eras um mestre, guardião desta arte. Tinha momentos que nem conversávamos, só nos cumprimentávamos e seguíamos nossos caminhos, mas já sabendo que nos encontraríamos dali a diante.
Aos poucos a gurizada também foi te redescobrindo e fazendo vídeos, entrevistas e valorizando o que a sociedade teimava em invisibilizar.
Fazedor da cultura no Rio Grande do Sul, conhecido pelos pagos da América Latina e os dalém mar, me ensinou tudo o que sei sobre o instrumento, sua origem, nossa ancestralidade e principalmente seguir com fé naquilo que acreditamos e assim seguimos.
Hoje, Olorum te chamou, o Rio Grande chorou, mas como tu próprio dizia: “NÃO ME VENHAM COM CHORO QUANDO MORRER, QUERO ALEGRIA, QUERO OS SOPAPOS TOCANDO PARA SEGUIR MEU CAMINHO”.
Mestre Giba Giba, sua persistência não foi em vão, continuas o guardião da nossa cultura afro-brasileira do sul do país espraiada pelo mundo afora e os sopapos cada vez que forem tocados terá um pouco de tua voz melódica nos ensinando que o maior valor nesta vida é preservar a memória de nossos antepassados.
Até Mestre.

Leila Negalaize 

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